terça-feira, 20 de dezembro de 2011

AS INTERFACES DOS PROFISSIONAIS DE UMA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO


 O QUE FAZEM O JORNALISTA, O RELAÇÕES PÚBLICAS E O PUBLICITÁRIO QUE ATUAM EM ORGANIZAÇÕES


No Brasil a tarefa de interagir com a mídia na divulgação de uma empresa tem sido atribuída ao jornalista. O imaginário coletivo vê esse profissional, enquanto assessor de imprensa, como o elo entre a organização e a mídia. Primeiro pela experiência que tem da redação e com isso um tipo de know-how – conhece o processo de produção da notícia, tem uma rede de relacionamento que vai de fontes em diversos setores da sociedade aos colegas que atuam nos veículos de comunicação, enfim, sabem quem é quem, quem faz o que na redação. Isso facilita seu acesso à publicação de materiais da empresa que assessora e geração de mídia espontânea. 

O que precisa ser dito é que em uma empresa a mídia é um dos públicos e não o único que se relaciona com a organização. A lista de ‘stakeholders’ traduzido pelos estudiosos naquelas pessoas e instituições interessadas em determinado negócio e que têm com ele algum tipo de ligação ou de transação comercial: consumidores, fornecedores, público interno, outras empresas, parceiros, associações, imprensa e sociedade em geral. 

Já é de consenso de vários autores como Duarte, Koplin e Ferrarreto que uma assessoria não pode prescindir de uma equipe de profissionais da área de comunicação tais como: jornalista, relações públicas, publicitário e gestor de marketing, para citar os principais.

Esses autores defendem que a assessoria de comunicação abarca a assessoria de imprensa, o escritório de RP, o birô de PB que pode ou não ser responsável também pelo marketing. Podem trabalhar em um só ambiente subdividido ou em ambientes próprios, mas interligados pelo organograma e pelos projetos a serem executados.

Esse fluxograma por atribuição ou por projetos serão definidos conforme a empresa, sua área de atuação no mercado, seus objetivos, seu tamanho e etc. Detalhes que não podem ser empecilhos para a atuação compartilhada dos vários profissionais da comunicação, ou para a gestão integrada conforme defende Kunsch.

Na realidade há uma interface do jornalista com o relações públicas na administração da imagem corporativa e na formação da visibilidade pública tanto do público externo como interno. Há grande interface entre o publicitário e a área comercial nas campanhas e propagandas de produtos e serviços. Ao jornalista cabe contribuir na clipagem e monitoramento da empresa, sua marca, seus produtos veiculados na mídia. À área de marketing, o jornalista poderá se valer dos objetivos de responsabilidade social e ambiental propostos em suas ações – temas de grande interesse na grande imprensa – para obter mídia espontânea.

A criação de um planejamento estratégico da comunicação de uma empresa, porém, exige que todos os profissionais estejam engajados. Cada um possui especificidades que precisam ser respeitadas e acatadas pelos outros comunicadores. Exatamente, todos, afinal, são comunicadores. Estão na empresa para divulgar, seja a marca, o produto ou a imagem, cada um respeitando os limites éticos e técnicos de sua profissão e dos produtos que venham a criar ali para obtenção de seus objetivos.

A gestão ou liderança da equipe pode caber a qualquer um desses profissionais desde que tenha uma visão ampla do processo e conheça as atribuições e competências de cada uma dessas profissões. E, sobretudo que tenha a habilidade e sensibilidade para o trabalho em equipe e em parcerias, afinal a comunicação organizacional é uma construção coletiva em que cada um contribui de forma diferenciada, mas em união em prol da promoção da visibilidade pública do assessorado.


 Para citar este artigo:

ALCANTARA, Quézia.As Interfaces dos profissionais de uma assessoria de comunicação.http://rede-e-comunicacao.blogspot.com

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

PESQUISAS MOSTRAM COMO AS REDES SOCIAIS SÃO UTILIZADAS NO BRASIL POR JOVENS E POR EMPRESÁRIOS


A consultoria Gartner realizou pesquisa, divulgada recentemente, em 11 países desenvolvidos e emergentes, incluindo no Brasil e ouviu 6,3 mil pessoas entre 13 e 74 anos de idade, em 11 países desenvolvidos e emergentes. No Brasil ela ouviu 581 pessoas e algumas conclusões foram que:
- 37% dos respondentes disseram ter aumentado o uso de redes sociais, principalmente entre os mais jovens.
- 24% disseram que estão usando as redes sociais menos do que no início, indicando fadiga das redes sociais entre os usuários mais antigos

- Orkut ainda é o líder de usuários no Brasil seguido pelo YouTube e pelo Facebook

- Predomínio do uso de Internet Messenger e sites de chat entre os usuários com até 40 anos

- 46% de brasileiros se disseram preocupados com a privacidade ante uma média geral de 33% de usuários


Também o [N]Jovem, site do núcleo jovem da editora Abril, revelou dados sobre redes sociais após investigar como os jovens brasileiros usam as redes sociais. Vamos às suas conclusões:
-Twitter é a rede social mais popular.
-O Facebook é mais popular do que o Orkut entre os jovens de 19 a 24 anos, mas entre os jovens de 15 a 18 anos o Orkut ainda é mais forte.
-Música, entretenimento, jogos e revistas foram os temas citados como relevantes em redes sociais pelos entrevistados.
-Os jovens não tem o costume de comprar clicando em publicidade nas redes sociais, mas procuram informações sobre produtos ou serviços antes de consumir. Críticas e elogios nas redes sociais influenciam fortemente em sua decisão de compra.
-85% dizem que não conseguem ficar mais de um mês sem acesso às redes.

Outra pesquisa interessante realizada pela Amcham no dia 29/11/11 ouviu 72 empresários, gestores e executivos de marketing que participaram de evento da área em São Paulo revelou como o empresariado pretende utilizar as redes sociais para divulgação de seus produtos e marcas.

- 65% das empresas afirmam que irão investir em redes sociais no próximo ano

-31% disseram que manterão os aportes no nível deste ano

- 74% das empresas pretendem desenvolver  mais em redes sociais o relacionamento com o cliente 

- 63% querem usar para reforço de marca

- 53% na promoção e divulgação de produtos ou serviços

- 46% no monitoramento de marca

 -18% em e-commerce

- 76% das empresas devem concentrar esforço de marketing no Facebook

-56% do marketing deverão ser feito no Twitter

- 32% de empresas vão investir em marketing no Google+  

- 10% de empresas farão marketing no Foursquare

- 8% das entrevistadas vão concentrar esforços em divulgação no Orkut

Também na área do marketing, a consultoria MIB realizou pesquisa comparando o uso das redes sociais nos anos 2010 e 2011. Confira aqui:




quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

SENADO APROVA DIPLOMA PARA JORNALISTA

É com esperança que recebemos a notícia da aprovação no Senado da PEC que regulamenta a profissão de jornalista e determina a necessidade de um diploma universitário para o exercício da profissão. (ler o que a Fenaj publicou sobre o assunto)

Interessante a inclusão no projeto de que a medida não vai afetar os chamados colaboradores, pessoas com saber técnico e científico que escrevem artigos, crônicas e editoriais. Este era um dos argumentos que empresários da comunicação e até mesmo ministros usavam nas entrevistas que deram para justificar a retirada da obrigatoriedade do diploma. 

Como exemplo do que falou a representante da Sertesp-Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão no Estado de São Paulo, Tais Gasparian, no processo. Ela questionou qual o consumidor de notícias que não gostaria de receber informações médicas, por exemplo, de um profissional formado na área e não de um com formação em comunicação. 

Quanta desinformação... O texto jornalístico se difere em muito do texto editorial ou de um artigo assinado. Enquanto o jornalista redige de acordo com uma técnica jornalística, como a pirâmide invertida cujo lead precisa responder às perguntas básicas (que - quem - quando - onde - como e por quê), o texto opinativo segue regras de uma dissertação.

Os dois tipos de textos podem se assemelhar em alguns pontos como por exemplo o uso de verbos na da 3ª pessoa do singular, a linguagem referencial, o distanciamento de quem escreve do fato - ele é testemunha, mas não se inclui. Esta condição, no entanto, não é obrigatória no texto opinativo, mas o é no texto jornalístico.

Essa técnica é ensinada aos profissionais durante o curso de Jornalismo. Além da notícia propriamente dita, o estudante de jornalismo aprende também a fazer uma reportagem - que é uma matéria mais elaborada, em que se ouve muitas fontes, e também tem espaço para a interpretação. 

Escrever pode ser um ato literário o que se aproxima muito mais da área artística. O autor pode viajar, fazer reflexões, se incluir no texto, enfim, tem toda a liberdade para expressar, especialmente, seus sentimentos e desejos. 

O ato de escrever para jornal é bastante diferente do ato literário e libertário de um escritor. O jornalista pode ser um escritor também, especialmente quando seu texto se enquadra no jornalismo literário, quando faz matéria de perfil, com temas mais humanizados.

As matérias que compõem as editorias diárias, no entanto, são escritas conforme técnicas de redação próprias e este exercício começa nos bancos da faculdade de jornalismo, onde o elementar é ensinado aos futuros jornalistas. 

Já na redação, ele vai adquirindo a chamada 'embocadura', ou experiência, feeling, expertise, como queiram chamar.   



quinta-feira, 24 de novembro de 2011

PARA MINISTRO DO TST ASSESSOR DE IMPRENSA DEVE TER CARGA HORÁRIA DE JORNALISTA

O ministro Emmanoel Pereira, do TST- Tribunal Superior do Trabalho, deu ganho de causa a uma jornalista empregada pela Fenacam - Federação Interestadual dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens que pedia para ser enquadrada na função de jornalista, apesar de ser registrada como assessora de comunicação.
Ela contou que foi contratada e desempenhava as funções de jornalista:  escrevia matérias para o site da federação, selecionava notícias do setor de transportes para divulgar no site, elaborava um jornalzinho, fazia o contato entre a imprensa e a presidência da instituição. 
Como explicou o relator, o jornalismo também pode ser exercido por empresas não jornalísticas que necessitam de divulgação interna e externa de notícias de seu interesse.

Independentemente da atividade preponderante da empresa, se comprovada a condição de jornalista da empregada, como na hipótese dos autos, ela tem direito à jornada reduzida de cinco horas, conforme os artigos 302 e 303 da CLT, afirmou o relator. 


A jurisprudência dessa Corte tem se posicionado que o jornalista, mesmo trabalhando em empresa não jornalística, tem direito à jornada reduzida prevista no artigo 303 da CLT, pois o que norteia as obrigações é a atividade desenvolvida pelo profissional, sendo irrelevante o ramo da empresa”, diz o acórdão do TST.  


Esta decisão é de sua importância para a categoria. Há uma grande quantidade de empresas e de instituições, inclusive públicas, que não reconhece a função de assessor de imprensa como o que propõe a Fenaj. 

Eles contratam o profissional esperando que desempenhem as funções de um jornalista, mas no contrato colocam outra denominação: Técnico de Comunicação, Gestor de Comunicação, Assessor ou Analista. 

Inclusive os editais de concursos públicos de empresas públicas de direito privado - aquelas que contratam por concurso, mas via CLT-Consolidação das Leis Trabalhistas como Aneel, Correios, Infraero, Transpetro e Incra usam desse artifício. Eles chegam a descrever as funções incluindo atividades de relações públicas, publicidade e marketing. Querem um profissional 'bombril' da comunicação para não precisar contratar uma equipe.

Com esta decisão da 5ª Turma do TST os jornalistas que trabalharem nas assessorias de imprensa de qualquer organização terão mais respaldo legal para alcançar seus direitos garantidos na CLT como aos colegas que atuam em empresas de comunicação(tevê, rádio, jornal, site) 


A matéria completa você pode ler aqui: 



terça-feira, 22 de novembro de 2011

COMO A INTERNET MUDOU A ROTINA DO REPÓRTER NO JORNAL

A maneira como o jornalista diariamente busca e redige os fatos sofreu uma série de mudanças com a chegada da internet. Alguns colegas do tempo da máquina de datilografia conseguiram se inserir na era digital com cursos de microinformática. Outros resistiram e foram aos poucos, substituídos, apesar de todo o cabedal de conhecimento e experiências adquiridos com anos de profissão.

Mas, quais foram os impactos que a nova tecnologia digital trouxe às redações no fazer diário do jornal?

Primeiro, impactou na busca da notícia. Talvez esse tenha sido o principal impacto que a internet causou nas redações. Antes, o repórter tinha que ir atrás da notícia, onde ela estivesse acontecendo. No máximo contava com o telefone para confirmar a entrevista ou acrescentar dados e informações.

 Hoje, ele busca os dados na rede mundial de computadores. Ali pesquisa a fonte, notícias anteriores sobre o assunto e assim, se prepara melhor para a entrevista e não corre o risco de repetir alguma pergunta já feita anteriormente por outro colega ou outro periódico. Muitas vezes, não precisa sequer sair da redação, valendo-se do telefone da fonte, se possível, celular, para complementar ou obter informação.

Também pode realizar a entrevista utilizando-se de e-mail ou de contato por meio das redes sociais como a plataforma do Formsprings em que se faz uma pergunta e o outro responde e o Intervue, uma mistura de Youtube com YahooResposta em que as pessoas respondem uma pergunta por meio de um a webcam. Outras, como o Facebook ou Linkedin permitem conversas em reservado, assim como o Messenger.

Segundo, a internet impacta na interpretação dos fatos e na confecção de reportagem pois possibilita que o jornalista tenha uma série de informações a seu dispor podendo comparar fatos, analisar dados, pesquisar o perfil do entrevistado, enfim, a poucos toques e algumas janelas, tem a seu dispor dicionário, tradutor, biblioteca, enciclopédia.

 Terceiro, impacta no relacionamento com as fontes. Antes, o relacionamento era mais intimista, face a face, olho no olho. Permitia detectar, inclusive, a sinceridade e a hipocrisia do entrevistado, se o repórter fosse sagaz ou já conhecesse bem a fonte. Hoje, se abdicar desse contato explorando e pesquisando pela web tem, com certeza, muito mais informações e dados, porém, interpretados e editados conforme o site em que estiver inserida.

Se o sítio da web pesquisado for da organização em que a fonte atua terá filtro institucional ou ângulo mercadológico, para citar dois tipos de ideologia que o repórter vai encontrar. A internet pode auxiliar na busca diária da informação mas não pode substituir o contato com a fonte, sob pena de alterar o produto final, a notícia.

Assim, o relacionamento com a fonte sofreu mudanças com a otimização do tempo da entrevista, visto que o repórter já chega ao local com uma pesquisa sobre a pessoa e a instituição, porém, não tornou o contato pessoal obsoleto. Exceção para o uso de webcam ou vídeo-conferência que poderá substituir, em casos extremos, a entrevista cara-a-cara.

O uso das novas tecnologias e da internet impactou o modo de se fazer jornalismo otimizando as redações e o tempo entre a apuração dos fatos e a confecção da notícia. O que não alterou foi o relacionamento que continua a ser entre pessoas. Mesmo tendo suportes tecnológicos para mediar a conversação, o diálogo, a entrevista continuam a ser determinantes para os rumos que o texto jornalístico tomará.

A máquina e suas possibilidades técnicas tornam possíveis análises e pesquisas, mas não fazem o sangue do repórter ferver diante de uma boa pauta.

Definitivamente, a frieza do contato intermediado pelo computador e pela web não possibilita a emoção e a motivação que um bom jornalista tem durante a apuração de um fato e a redação da matéria.


PARA CITAR ESTE ARTIGO:

ALCANTARA, Quézia. “Como a Internet mudou a rotina do repórter no jornal”.http://rede-e-comunicacao.blogspot.com/2011/11/como-internet-mudou-rotina-do-reporter.html



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O MAPA-MÚNDI DAS REDES SOCIAIS

A Veja publicou o novo mapa-múndi das redes sociais. Na verdade, houve um novo traçado dos países tendo como base cada uma das principais redes de relacionamento existentes. Daí foi feito um desenho de como seria o planeta, sob esse ponto de vista.  
O Facebook é a rede mais acessada com 753 milhões de usuários em todo o planeta. No Brasil o FB já conta com  28,6 milhões de internautas. Em um ano, o número de usuários brasileiros nesta rede triplicou, segundo a pesquisa, saltando de 9 milhões para mais de 28 de agosto de 2010 a agosto de 2011.

Confira o infográfico da Veja: 

Outro mapa foi traduzido pelo site O Jornalista e penso que é mais fácil de ser analisado, uma vez que leva em conta o mapa-múndi propriamente dito e os países são destacados conforme a principal rede acessada em seu território.




segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A INTERNET E AS REDES SOCIAIS - COMO ESTÃO AFETANDO O MODO DE FAZER COMUNICAÇÃO E JORNALISMO


As redes sociais da internet, cada vez mais, estão tendo um papel de divulgação, interatividade e comunicação no mundo atual. O surgimento e a adesão do público a essas redes vêm  impactando o tipo de comunicação utilizado pela sociedade em geral. Também os tradicionais meios de comunicação de massa(jornais impressos, revistas, televisão e rádio) estão sendo afetados pela presença desse novo modo como os diversos públicos se relacionam entre si e com o mundo.
Já previu Castells que “assim como a difusão da máquina impressora no ocidente criou o que Macluhan chamou de a Galáxia de Gutemberg, ingressamos agora num novo mundo de comunicação: a Galáxia da Internet...como nossa prática é baseada na comunicação e a internet transforma o modo como nos comunicamos, nossas vidas são profundamente afetadas por essa nova tecnologia”.
Um exemplo dessa afetação é a presença dos tradicionais meios na rede mundial de computadores, a web, por meio de sites e portais, onde fazem a transposição de conteúdos impressos e audiovisuais para o meio on-line e onde ensaiam formas de interação com o público destinatário, sejam por meio de canais do fale conosco, comentários deixados nas páginas ou enquetes.
O caminho contrário também ocorre. O que é divulgado hoje na internet pode pautar o jornal de amanhã. Esta é uma forma de como a existência da web vem modificando o processo comunicacional e o fazer jornalístico.
Antes, o repórter saía às ruas em busca do fato, do acontecimento, por vezes, agendado pelo pauteiro. Quando havia alguma afetação, se referia ao fato de os meios eletrônicos (rádio e tevê) se pautarem pelo que saía no jornal, ou de os meios impressos repercutirem o que os audiovisuais veiculavam, especialmente aquelas notícias de última hora ou dos plantões.
Hoje, além de estarem presentes em sítios da web, as empresas de comunicação também mantém perfis institucionais nas redes de relacionamento. Tanto os produtos impressos, como os transpostos para o meio on-line redirecionam o público para uma ou mais redes sociais a fim de oferecer ao receptor mais informações e principalmente, com o objetivo de receber algum “feedback” lembrando Peruzzo, para quem, esse recurso é “enriquecido com a abundância de informações e maior liberdade de expressão...além de fornecer idéias, críticas e informações ao produtor de texto jornalístico”.
Assim, leitor, ouvinte, espectador ou internauta têm como externar sua opinião ao emissor, antes detentor do poder de decidir o que ia ser publicado, segundo a lógica capitalista de produção que ocorre na indústria da informação e entretenimento. Até então este retorno só poderia ser aferido por meio de pesquisas e se limitava a apurar os índices de audiência.
O contato com o receptor permite uma mudança no fluxo do processo comunicacional que antes era de “um para todos” e com o advento da web e das redes de relacionamento passaram a ser de “todos para todos”, ou conforme André Lemos, “de muitos para muitos”, o que denomina de “liberação do pólo de emissão. Disse ainda que “as novas mídias digitais e suas funções pós-massivas quebram a hegemonia de um único discurso sobre o que é público, oferecendo como contraponto uma miríade de vozes(opiniões) emergentes”.  
Compartilha de mesma opinião o jornalista Luciano Costa ao analisar as manifestações ocorridas no mundo árabe no início deste ano(2011), pautadas e organizadas por meio de grupos de redes sociais: “os fatos no Egito mostram que a mídia digital não apenas funciona como veículo de informação – também pode ser usada como meio de expressão amplo e irrestrito da vontade e da opinião das pessoas. Essa é a diferença em relação às mídias tradicionais, que funcionam em mão única”.
Para o jornalista e mestre em mídias Carlos Castilho, a comunicação mediada pelo computador têm um papel fundamental na esfera pública, antes ocupado pelos meios de comunicação tradicionais.  “A internet passou a ocupar o papel estratégico que antes era exercido pelos jornais, rádio e televisão quando o descontentamento popular torna-se incontrolável. A grande diferença é que a imprensa apenas publica os fatos, enquanto a internet, além de divulgá-los, também os organiza e promove”, o que para vários autores significa uma mudança do pólo de emissão da mensagem.
Além desses novos papéis de participação e mobilização, as redes sociais também abrem espaço para a expressão do ‘eu subjetivo” (John Thompson). Uma das críticas às mídias tradicionais se refere ao fato do receptor ser um desconhecido do sistema que emite a mensagem, restando apenas ao emissor ter uma suposição de seu público, conforme disse Wolf ao explicar a teoria do newsmaking. Na internet e nas redes de relacionamento há como interagir com o destinatário, conhecer seu mundo, suas expectativas e anseios e até mesmo antecipar-se produzindo conteúdos, mensagens com grande potencial de serem consumidas pelo público, e até mesmo personalizadas, customizadas.
Os papéis que exercerão os novos e os tradicionais meios, bem como as intercessões, as transposições estão ainda por se definirem vão depender da flexibilidade e da disponibilidade de adequação que terão frente a esses novos desafios, que desde o uso da internet 1.0, não pararam de evoluir e que crescem em ritmo exponencial.


REFERÊNCIAS:
CASTELLS,Manuel. A Galáxia da Internet.Rio de Janeiro:Jorge Zahar Ed., 2003.
CASTILHO, Carlos.http://carloscastilho.posterous.com/a-crise-egipcia-abre-o-debate-sobre-o-botao-v.31/01/2011
COSTA,Luciano.www.observatoriodaimprensa.com.br/.../a_revolta_das_midias_sociais. 09/02/2011
LEMOS, André. O Futuro da Internet: em direção a uma ciberdemocracia/André Lemos e Pierre Lévy. São Paulo: Paulus, 2010.
PERUZZO, Cicília M.K. Internet e Democracia Comunicacional: entre os entraves, direitos e utopias à comunicação. In: MARQUES DE MELO, J.; SATHLER, l. Direitos à Comunicação na Sociedade da Informação.São Bernardo do Campo, SP: Umesp, 2005.
TOMPSON,John B. A Mídia e a Modernidade: uma teoria social da mídia.10ª Edição. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,2008. 

Para citar este artigo:
ALCANTARA, Quézia. "A Internet e as Redes Sociais-Como estão afetando o modo de fazer comunicação e jornalismo"http://rede-e-comunicacao.blogspot.com/





sábado, 29 de outubro de 2011

REDES SOCIAIS E O IMPACTO NA CAMPANHA ELEITORAL PARA A PRESIDÊNCIA EM 2010



Este artigo tem como objetivo comparar o crescimento das campanhas eleitorais para a presidência da República no Brasil no ano de 2010, dando destaque para o fato de que o segundo turno só foi possível devido à intensa participação do eleitor da candidata Marina Silva, que realizou intensa divulgação por meio das redes sociais.

Disse o sociólogo espanhol Manuel Castells que “a utilização da internet para desenvolver tarefas políticas ou pessoais ou interesses concretos é o que realmente gera os níveis de interação mais fortes”. Isso explica a velocidade com que a divulgação segmentada de um evento é mais eficiente pelas redes sociais que nos tradicionais veículos de comunicação. As redes conseguem aglutinar grupos de interesse e comunidades afins e de acordo com Castells “a transmissão instantânea das idéias em um âmbito muito amplo permite a coalização e a agregação em torno de valores”.

Exemplo recente de mobilização foi vista durante as últimas eleições para a presidência do país em 2010. A candidata Marina Silva, do PV, terceira colocada nas pesquisas de intenções de voto, conseguiu, por meio das redes sociais, levar as eleições para o segundo turno.  

Segundo pesquisa do Ibope nas primeiras semanas de campanha, ela aparecia com 9% das intenções de voto, atrás de José Serra (PSDB) com 35%, e de Dilma Rousseff (PT), com 40%. Marina utilizou as ferramentas de mídias sociais(Twitter, Facebook) e seu blog (http://www.minhamarina.org.br/blog/) como forma de compensar o pouco tempo de que dispunha no horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. Além disso, eleitores e simpatizantes espalharam a “onda verde” em correntes de e-mail que lotavam as caixas postais de amigos e conhecidos.

E a estratégia via internet possibilitou que ela tivesse 19,33% dos votos válidos no primeiro turno, dia 4 de outubro. Como a primeira colocada teve 46,91%, menos de 50% dos votos válidos, a decisão teve de ser decidida no segundo turno dia 31 de outubro entre os dois candidatos majoritários Dilma e Serra(que havia registrado no primeiro turno, 33,61% nas urnas).

O crescimento da campanha de Marina Silva demonstrou que a internet é uma ferramenta de comunicação com características interativas e de participação popular mais eficiente que as tradicionais mídias(jornais, televisão e rádio). John Tompson comenta que apesar desses meios de comunicação produzirem “ação responsiva”, isto se faz em “contextos diversos dos da produção, os receptores estão distantes e participam de uma comunicação quase-mediada, pois não podem responder diretamente aos produtores” como acontece numa comunicação face a face que o meio virtual favorece, à semelhança da comunicação oral nos primórdios da civilização.

Apesar de apostar nesse tipo de comunicação interativa Marina Silva não se elegeu. Ela teve uma votação bastante significativa nos grandes centros urbanos que possuem mais acesso às novas tecnologias e um poder aquisitivo maior, além do grau de escolaridade com percentagens igualmente elevadas. César Sanson, doutor em sociologia pela UFPR, elencou outros fatores tais como: valores morais e religiosos da classe média das capitais; voto urbano de pessoas sensíveis à agenda ambiental; eleitores que queriam uma terceira via para o antagonismo e denuncismo que tomou conta das campanhas do PT-PSDB.
           
Mas o que se destaca aqui é o fato de que houve um crescimento de sua candidatura alavancada pela divulgação na internet, e que não conseguiu atingir um percentual maior, em parte porque ainda é grande a exclusão digital no Brasil pois que o país ainda abriga bolsões de pobreza e analfabetismo, incluindo o digital, não só nos estados tidos como periféricos, mas também nos grandes centros povoados de favelas.

Ainda é grande o desafio da democratização digital ou ciberdemocracia apregoada por estudiosos e adotado por políticos como bandeira de modernidade em seus discursos e plataformas. Democratizar a informação não é disponibilizar computadores ou meios de acessar endereços eletrônicos. É mais que isso.

O pensador francês, Pierre Lévy, defende que além de disponibilização em sites institucionais, “informações e serviços que as administrações públicas devem aos cidadãos” e promover o voto on-line, a democracia na internet deve abrir espaços de “deliberação democrática ou ágoras virtuais... instrumentos de organização e ação política, fóruns de discussão, informações de atualidade estruturadas e bases de dados políticos de todos os tipos”, enfim, criar “uma cultura do diálogo” oportunizando ao cidadão formas de participação e interação que o tornem sujeito consciente de seu papel na sociedade.


Para citar este artigo:
ALCANTARA, Quézia. "Redes sociais e o impacto na campanha eleitoral para a presdiência em 2010".http://rede-e-comunicacao.blogspot.com/2011/10/redes-sociais-e-o-impacto-na-campanha.html

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Livros de Manuel Castells - A sociedade em Rede

Nessa primeira postagem gostaríamos de compartilhar o link para os leitores fazerem download do livro do sociólogo Manuel Castells: A Sociedade em Rede.
Site para baixar o livro de Castells