sábado, 29 de outubro de 2011

REDES SOCIAIS E O IMPACTO NA CAMPANHA ELEITORAL PARA A PRESIDÊNCIA EM 2010



Este artigo tem como objetivo comparar o crescimento das campanhas eleitorais para a presidência da República no Brasil no ano de 2010, dando destaque para o fato de que o segundo turno só foi possível devido à intensa participação do eleitor da candidata Marina Silva, que realizou intensa divulgação por meio das redes sociais.

Disse o sociólogo espanhol Manuel Castells que “a utilização da internet para desenvolver tarefas políticas ou pessoais ou interesses concretos é o que realmente gera os níveis de interação mais fortes”. Isso explica a velocidade com que a divulgação segmentada de um evento é mais eficiente pelas redes sociais que nos tradicionais veículos de comunicação. As redes conseguem aglutinar grupos de interesse e comunidades afins e de acordo com Castells “a transmissão instantânea das idéias em um âmbito muito amplo permite a coalização e a agregação em torno de valores”.

Exemplo recente de mobilização foi vista durante as últimas eleições para a presidência do país em 2010. A candidata Marina Silva, do PV, terceira colocada nas pesquisas de intenções de voto, conseguiu, por meio das redes sociais, levar as eleições para o segundo turno.  

Segundo pesquisa do Ibope nas primeiras semanas de campanha, ela aparecia com 9% das intenções de voto, atrás de José Serra (PSDB) com 35%, e de Dilma Rousseff (PT), com 40%. Marina utilizou as ferramentas de mídias sociais(Twitter, Facebook) e seu blog (http://www.minhamarina.org.br/blog/) como forma de compensar o pouco tempo de que dispunha no horário eleitoral gratuito de rádio e televisão. Além disso, eleitores e simpatizantes espalharam a “onda verde” em correntes de e-mail que lotavam as caixas postais de amigos e conhecidos.

E a estratégia via internet possibilitou que ela tivesse 19,33% dos votos válidos no primeiro turno, dia 4 de outubro. Como a primeira colocada teve 46,91%, menos de 50% dos votos válidos, a decisão teve de ser decidida no segundo turno dia 31 de outubro entre os dois candidatos majoritários Dilma e Serra(que havia registrado no primeiro turno, 33,61% nas urnas).

O crescimento da campanha de Marina Silva demonstrou que a internet é uma ferramenta de comunicação com características interativas e de participação popular mais eficiente que as tradicionais mídias(jornais, televisão e rádio). John Tompson comenta que apesar desses meios de comunicação produzirem “ação responsiva”, isto se faz em “contextos diversos dos da produção, os receptores estão distantes e participam de uma comunicação quase-mediada, pois não podem responder diretamente aos produtores” como acontece numa comunicação face a face que o meio virtual favorece, à semelhança da comunicação oral nos primórdios da civilização.

Apesar de apostar nesse tipo de comunicação interativa Marina Silva não se elegeu. Ela teve uma votação bastante significativa nos grandes centros urbanos que possuem mais acesso às novas tecnologias e um poder aquisitivo maior, além do grau de escolaridade com percentagens igualmente elevadas. César Sanson, doutor em sociologia pela UFPR, elencou outros fatores tais como: valores morais e religiosos da classe média das capitais; voto urbano de pessoas sensíveis à agenda ambiental; eleitores que queriam uma terceira via para o antagonismo e denuncismo que tomou conta das campanhas do PT-PSDB.
           
Mas o que se destaca aqui é o fato de que houve um crescimento de sua candidatura alavancada pela divulgação na internet, e que não conseguiu atingir um percentual maior, em parte porque ainda é grande a exclusão digital no Brasil pois que o país ainda abriga bolsões de pobreza e analfabetismo, incluindo o digital, não só nos estados tidos como periféricos, mas também nos grandes centros povoados de favelas.

Ainda é grande o desafio da democratização digital ou ciberdemocracia apregoada por estudiosos e adotado por políticos como bandeira de modernidade em seus discursos e plataformas. Democratizar a informação não é disponibilizar computadores ou meios de acessar endereços eletrônicos. É mais que isso.

O pensador francês, Pierre Lévy, defende que além de disponibilização em sites institucionais, “informações e serviços que as administrações públicas devem aos cidadãos” e promover o voto on-line, a democracia na internet deve abrir espaços de “deliberação democrática ou ágoras virtuais... instrumentos de organização e ação política, fóruns de discussão, informações de atualidade estruturadas e bases de dados políticos de todos os tipos”, enfim, criar “uma cultura do diálogo” oportunizando ao cidadão formas de participação e interação que o tornem sujeito consciente de seu papel na sociedade.


Para citar este artigo:
ALCANTARA, Quézia. "Redes sociais e o impacto na campanha eleitoral para a presdiência em 2010".http://rede-e-comunicacao.blogspot.com/2011/10/redes-sociais-e-o-impacto-na-campanha.html

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Livros de Manuel Castells - A sociedade em Rede

Nessa primeira postagem gostaríamos de compartilhar o link para os leitores fazerem download do livro do sociólogo Manuel Castells: A Sociedade em Rede.
Site para baixar o livro de Castells