Que a internet e as redes sociais estão impactando o fazer
jornalístico não há dúvida. A discussão agora é com que velocidade os meios
tradicionais (jornais impressos, televisão, rádio) repercutem os fatos e
novidades lançados na web.
Durante a fase industrial da comunicação de massa – antes da
atual fase digital e em rede – o meio que conseguia a
instantaneidade e atualidade do fato era o rádio. Ele chegava aos
locais do acontecimento com mais rapidez, pois precisava apenas de um repórter
com gravador e um telefone para transmitir a notícia.
Logo a seguir vinham os repórteres dos telejornais que para
se locomoverem necessitavam deslocar a equipe toda incluindo o cinegrafista e os equipamentos. E por último, os repórteres dos impressos apareciam munidos
de suas cadernetas e precisam de uma apuração mais aprofundada por que essa notícia só sairia no jornal do dia seguinte.
Hoje, qualquer cidadão com celular e conexão de internet utiliza as
redes sociais para contar o que ocorre na cidade. Os principais veículos de
comunicação de massa mantém pessoas nas redações conectadas para detectar os
acontecimentos e pautar os colegas repórteres. Essa função antigamente era do
rádio-escuta e atualmente foi transferida para um pauteiro ou produtor que fica
plugado nos principais jornais on-line e redes sociais ‘catando’ os fatos.
Essa denominação poderia ser a que Bruns (2005) deu a essa prática descrita por Raquel Recuero: "as práticas informativas na Internet (e, portanto, nas redes sociais online) podem ser classificadas como gatewatching, e podem complementar e até substituir o papel do gatekeeping do jornalismo tradicional. Para o autor, gatewatching refere-se à observação daquilo que é publicado pelos veículos noticiosos, no sentido de identificar informações relevantes assim que publicadas".
O jornalista e blogueiro Cleyton Carlos Torre, em artigo
para o Observatório da Imprensa dá a dica para o profissional do jornalismo da
era digitalizada em rede: “Não é novidade para ninguém que qualquer um pode
ser um – bom – produtor de conteúdo nas redes sociais. Também não é novidade
alguma a rapidez e instantaneidade com que a internet trabalha. Quer usar redes
sociais? Então seja sociável nas redes. Não há espaço para um jornalismo tardio
e que ainda procura se posicionar diferentemente dos usuários que lá já estão”.
O repórter hoje conta com inúmeros recursos on-line para realizar seu
trabalho: pode pesquisar o assunto, o entrevistado, as matérias que saíram
anteriormente sobre o tema antes de ir a campo; pode se utilizar do Messenger, do
Formspring e do já considerado antiquado e-mail para fazer entrevistas quando
houver indisponibilidade do entrevistado de receber o repórter, entre outras facilidades.
Porém, precisa mais que tudo, ser um repórter com cultura digital ou um
jornalista da era da informação ou como gosto de dizer, da era de redes digitais. Estar na rede mundial de computadores é uma
coisa, utilizar-se dela como ferramenta de trabalho, é outra. Ao repórter do
século XXI é necessário estar na web, ter uma rede de relacionamento confiável
em um dos sites de redes sociais sob a pena de ‘levar furo’, ‘comer bola’ ou ‘dar
barrigada’, no jargão de redação.
Tempos ágeis exigem repórteres mais ágeis ainda. Nada complicado para a
nova geração de jornalistas que atua nos dias de hoje. Afinal são da geração digital
e já nasceram com um mouse na mão...
Faltam-lhes apenas aprender os conceitos fundamentais de apuração e
divulgação da notícia – estes que colegas de antigas gerações o fazem com
competência e relativa facilidade. Cabe à nova geração agregar às facilidades
digitais e de rede a paciência, o senso crítico, a ética em ouvir sempre todos
os envolvidos, o texto bem redigido, a reportagem 'bem amarrada' para fazer com que o jornalismo contemporâneo adquira a mesma
confiabilidade e coerência do jornalismo que pautou as redações durante o
século XX.
Para citar este artigo:
ALCANTARA, Quézia. "Jornalismo na Era de Redes Digitais". Em: http://rede-e-comunicacao.blogspot.com.br/2012/04/jornalismo-da-era-de-redes-digitais.html, acesso em...