segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A INTERNET E AS REDES SOCIAIS - COMO ESTÃO AFETANDO O MODO DE FAZER COMUNICAÇÃO E JORNALISMO


As redes sociais da internet, cada vez mais, estão tendo um papel de divulgação, interatividade e comunicação no mundo atual. O surgimento e a adesão do público a essas redes vêm  impactando o tipo de comunicação utilizado pela sociedade em geral. Também os tradicionais meios de comunicação de massa(jornais impressos, revistas, televisão e rádio) estão sendo afetados pela presença desse novo modo como os diversos públicos se relacionam entre si e com o mundo.
Já previu Castells que “assim como a difusão da máquina impressora no ocidente criou o que Macluhan chamou de a Galáxia de Gutemberg, ingressamos agora num novo mundo de comunicação: a Galáxia da Internet...como nossa prática é baseada na comunicação e a internet transforma o modo como nos comunicamos, nossas vidas são profundamente afetadas por essa nova tecnologia”.
Um exemplo dessa afetação é a presença dos tradicionais meios na rede mundial de computadores, a web, por meio de sites e portais, onde fazem a transposição de conteúdos impressos e audiovisuais para o meio on-line e onde ensaiam formas de interação com o público destinatário, sejam por meio de canais do fale conosco, comentários deixados nas páginas ou enquetes.
O caminho contrário também ocorre. O que é divulgado hoje na internet pode pautar o jornal de amanhã. Esta é uma forma de como a existência da web vem modificando o processo comunicacional e o fazer jornalístico.
Antes, o repórter saía às ruas em busca do fato, do acontecimento, por vezes, agendado pelo pauteiro. Quando havia alguma afetação, se referia ao fato de os meios eletrônicos (rádio e tevê) se pautarem pelo que saía no jornal, ou de os meios impressos repercutirem o que os audiovisuais veiculavam, especialmente aquelas notícias de última hora ou dos plantões.
Hoje, além de estarem presentes em sítios da web, as empresas de comunicação também mantém perfis institucionais nas redes de relacionamento. Tanto os produtos impressos, como os transpostos para o meio on-line redirecionam o público para uma ou mais redes sociais a fim de oferecer ao receptor mais informações e principalmente, com o objetivo de receber algum “feedback” lembrando Peruzzo, para quem, esse recurso é “enriquecido com a abundância de informações e maior liberdade de expressão...além de fornecer idéias, críticas e informações ao produtor de texto jornalístico”.
Assim, leitor, ouvinte, espectador ou internauta têm como externar sua opinião ao emissor, antes detentor do poder de decidir o que ia ser publicado, segundo a lógica capitalista de produção que ocorre na indústria da informação e entretenimento. Até então este retorno só poderia ser aferido por meio de pesquisas e se limitava a apurar os índices de audiência.
O contato com o receptor permite uma mudança no fluxo do processo comunicacional que antes era de “um para todos” e com o advento da web e das redes de relacionamento passaram a ser de “todos para todos”, ou conforme André Lemos, “de muitos para muitos”, o que denomina de “liberação do pólo de emissão. Disse ainda que “as novas mídias digitais e suas funções pós-massivas quebram a hegemonia de um único discurso sobre o que é público, oferecendo como contraponto uma miríade de vozes(opiniões) emergentes”.  
Compartilha de mesma opinião o jornalista Luciano Costa ao analisar as manifestações ocorridas no mundo árabe no início deste ano(2011), pautadas e organizadas por meio de grupos de redes sociais: “os fatos no Egito mostram que a mídia digital não apenas funciona como veículo de informação – também pode ser usada como meio de expressão amplo e irrestrito da vontade e da opinião das pessoas. Essa é a diferença em relação às mídias tradicionais, que funcionam em mão única”.
Para o jornalista e mestre em mídias Carlos Castilho, a comunicação mediada pelo computador têm um papel fundamental na esfera pública, antes ocupado pelos meios de comunicação tradicionais.  “A internet passou a ocupar o papel estratégico que antes era exercido pelos jornais, rádio e televisão quando o descontentamento popular torna-se incontrolável. A grande diferença é que a imprensa apenas publica os fatos, enquanto a internet, além de divulgá-los, também os organiza e promove”, o que para vários autores significa uma mudança do pólo de emissão da mensagem.
Além desses novos papéis de participação e mobilização, as redes sociais também abrem espaço para a expressão do ‘eu subjetivo” (John Thompson). Uma das críticas às mídias tradicionais se refere ao fato do receptor ser um desconhecido do sistema que emite a mensagem, restando apenas ao emissor ter uma suposição de seu público, conforme disse Wolf ao explicar a teoria do newsmaking. Na internet e nas redes de relacionamento há como interagir com o destinatário, conhecer seu mundo, suas expectativas e anseios e até mesmo antecipar-se produzindo conteúdos, mensagens com grande potencial de serem consumidas pelo público, e até mesmo personalizadas, customizadas.
Os papéis que exercerão os novos e os tradicionais meios, bem como as intercessões, as transposições estão ainda por se definirem vão depender da flexibilidade e da disponibilidade de adequação que terão frente a esses novos desafios, que desde o uso da internet 1.0, não pararam de evoluir e que crescem em ritmo exponencial.


REFERÊNCIAS:
CASTELLS,Manuel. A Galáxia da Internet.Rio de Janeiro:Jorge Zahar Ed., 2003.
CASTILHO, Carlos.http://carloscastilho.posterous.com/a-crise-egipcia-abre-o-debate-sobre-o-botao-v.31/01/2011
COSTA,Luciano.www.observatoriodaimprensa.com.br/.../a_revolta_das_midias_sociais. 09/02/2011
LEMOS, André. O Futuro da Internet: em direção a uma ciberdemocracia/André Lemos e Pierre Lévy. São Paulo: Paulus, 2010.
PERUZZO, Cicília M.K. Internet e Democracia Comunicacional: entre os entraves, direitos e utopias à comunicação. In: MARQUES DE MELO, J.; SATHLER, l. Direitos à Comunicação na Sociedade da Informação.São Bernardo do Campo, SP: Umesp, 2005.
TOMPSON,John B. A Mídia e a Modernidade: uma teoria social da mídia.10ª Edição. Petrópolis, RJ: Editora Vozes,2008. 

Para citar este artigo:
ALCANTARA, Quézia. "A Internet e as Redes Sociais-Como estão afetando o modo de fazer comunicação e jornalismo"http://rede-e-comunicacao.blogspot.com/